**English Version**
I've practiced apologies my whole life, but I'm too stubborn to actually apologize. So, this account that follows is the closest I'll get.
This doesn't mean I regret it, nor does it open the door to resuming friendships or relationships. It's a vent and a promise I made to my therapist, to whom I also owe an apology.
I've always been incredibly concerned about doing everything right and incredibly remorseful for every mistake I make. Which is nonsense, because mistakes and successes are part of life and learning, and anyone who thinks they don't make mistakes is an idiot.
Probably what prevents us from apologizing is pride and the vanity of not admitting our weaknesses. I've never been able to, which brings those memories back constantly, so I realized I needed to do something.
Since I have to apologize, why not do it in the most vain way possible by writing a text? That said, I hope this also serves to help those who torture themselves with the nonsense of everyday life.
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Image credits by [Lab J](https://www.flickr.com/people/62838085@N06) | Creative Commons Attribution-Share Alike 2.0
Forgive me for seeming like I'm exaggerating to make this story more interesting, but I was born amid a family tragedy. When my mother was pregnant, she was living in a town called Alegrete. Don't ask me where it is, follow your own heart.
Excuse me, I couldn't resist the lyrics of the song and decided to embellish the story anyway out of pure vanity, even though I said it was a tragedy. The town is between Rosário do Sul and Uruguaiana for those coming from Porto Alegre, before I sing another verse of the song.
Excuse me for the distraction, I do that a lot, interrupting both myself and the speaker. Since my grandfather lived in another city, I imagine he didn't see my mother often during her pregnancy, which forced him to travel there to see her.
Forgive me for not remembering many details. I wasn't born yet, so I only remember what my mother told me. Upon arriving in the city, my grandfather stopped in the central square to wait and came across Getúlio Vargas's suicide note written on a plaque.
Forgive me, but the gauchos had enormous admiration for the former president, even though he ruled the country during a fifteen-year dictatorship. However, my grandfather smoked and had heart problems; he was overcome with emotion by the letter and had a heart attack.
I know it's not my fault, but my grandfather died when he intended to visit my mother, who was pregnant, and we never met. So, I only lived in Alegrete for a year, and despite being born there, I have no memory of it precisely because I was only one year old.
Whenever Alegrete is mentioned, one also speaks of gaucho traditionalism, the relationship between man and his horse, his cattle raising, and the work in the fields. However, I ended up becoming a gaucho living in an apartment, with little contact with the traditions and lifestyle of the countryside.
So, I'm sorry to disappoint you, but don't ask me about barbecue, traditional music, chimarrão, bombacha, and anything related, because none of that was part of my daily life. As they say, I'm a gaucho, but I don't practice it. Some joke that I lost my citizenship because I don't eat meat or drink chimarrão.
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**Português (Brasil)**
Eu ensaiei pedidos de desculpas durante a vida toda, mas sou muito cabeça dura para realmente me desculpar. Então, este relato que segue é o mais próximo que eu chegarei disso.
Isso não quer dizer que me arrependo, nem dá abertura para retomar amizades ou relacionamentos. Trata-se de um desabafo e uma promessa que fiz para a minha terapeuta, a quem também devo desculpas.
Eu sempre tive uma preocupação enorme em fazer tudo certo e um remorso desgraçado a cada erro cometido. O que é uma bobagem, porque erros e acertos fazem parte da vida e do aprendizado e quem acha que não comete erros é um idiota.
Provavelmente o que nos impede de pedir desculpas seja o orgulho e a vaidade de não admitir as nossas fraquezas. Eu nunca consegui, o que faz com que essas lembranças voltem a todo momento, por isso percebi que precisava fazer alguma coisa.
Já que tenho que pedir desculpas, por que não fazê-lo do jeito mais vaidoso possível escrevendo um texto? Dito isso, espero que sirva também para ajudar quem se tortura pelas bobagens do dia-a-dia.
Desculpe-me por parecer que estou exagerando para tornar esta história mais interessante, mas eu nasci em meio a uma tragédia familiar. Quando minha mãe estava grávida, ela estava morando em uma cidade chamada Alegrete, não me perguntes onde fica, segue o rumo do teu próprio coração.
Desculpe-me, não resisti à letra da música e resolvi enfeitar a história mesmo assim por pura vaidade, mesmo tendo dito que se tratava de uma tragédia. A cidade fica entre Rosário do Sul e Uruguaiana pra quem vem de Porto Alegre, antes que eu cante outra estrofe da música.
Desculpe-me pela distração, eu faço muito isso, interrompendo tanto a minha própria fala quanto quem está falando. Como meu avô morava em outra cidade, imagino que não tenha visto minha mãe com frequência durante a gravidez, o que fez com que viajasse até lá para vê-la.
Desculpe-me por não lembrar muitos detalhes, é que eu ainda não havia nascido, então só lembro do que a minha mãe me contava. Ao chegar na cidade, meu avô parou na praça central para aguardar e se deparou com a carta de suicídio de Getúlio Vargas escrita em uma placa.
Desculpe-me, mas os gaúchos tinham uma admiração enorme pelo ex-presidente mesmo que ele tenha governado o país durante uma ditadura de quinze anos. Só que o meu avô fumava e tinha problema de coração, acabou se emocionando com a carta e teve um ataque cardíaco.
Eu sei que não é culpa minha, mas o meu avô morreu quando pretendia visitar a minha mãe, que estava grávida e nunca nos conhecemos. Assim, vivi apenas um ano em Alegrete e, apesar de ter nascido lá, não tenho lembrança alguma justamente por ter apenas uma ano de idade.
Sempre que se fala em Alegrete, também se fala em tradicionalismo gaúcho, da relação entre o homem e seu cavalo, sua criação de gado e as lidas no campo. No entanto, eu acabei me tornando um gaúcho de apartamento, que não tem muito contato com as tradições e o estilo de vida no campo.
Então, sinto muito decepcioná-los, mas não me pergunte sobre churrasco, músicas tradicionalistas, chimarrão, bombacha e afins porque nada disso fez parte do meu dia-a-dia. Como dizem por aí, sou gaúcho, mas não exerço. Alguns brincam que eu perdi a minha cidadania devido ao fato de não comer carne nem tomar chimarrão.
Confessions of a Dispersed Mind | Part 3 | My sincere apologies [EN/PT-BR]
@casagrande
· 2025-09-20 12:52
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